Nunca fui a uma corrida de touros e nem penso ir, apesar de me recordar de em miúdo ficar agarrado à televisão a ver os forcados amadores a pegarem o bicho e o toureio a pé. Acho as duas modalidades verdadeiramente apaixonantes. De um lado, a força do animal, do outro a bravura dos homens. Não se pode dizer que a luta seja desigual. Sou é contra o facto de não se matar o animal no final da corrida, pois o tempo que se perde até ao touro chegar ao matadouro é desnecessário. É um sofrimento estúpido.
Há séculos que os povos latinos lutam com o touro na arena, havendo uma enorme indústria que envolve o espetáculo. Se não existissem as corridas, os touros bravos há muito que teriam desaparecido, pois ninguém os criaria apenas por diversão. Além disso, para muitos são uma arte, à semelhança do boxe, e não devem acabar por decreto.
Choca-me muito mais ver as novas modalidades marciais, em que vale quase tudo, como foi o caso do português que morreu no célebre combate de Artes Marciais Mistas (MMA). Mas como envolvem pessoas, nunca vi um movimento a querer o seu fim. Por este andar, as corridas de cavalos também serão proibidas, pois os animais são levados ao limite. E porque não acabar com as supermaratonas, onde os atletas também vão muito além dos seus limites?
Nas próximas semanas, o assunto chegará à Assembleia da República e alguns partidos vão tentar proibir a transmissão televisiva na RTP das corridas de touros. Também os menores de 18 anos ficarão proibidos de assistir a tal espetáculo se a proposta for aprovada. Mas faz algum sentido o Estado meter-se na vida privada das famílias? Se há miúdos que crescem nesse meio, que nas suas herdades praticam a modalidade, depois não poderão assistir ao espetáculo?
É óbvio que o objetivo dos proponentes é acabar de vez com as touradas, a médio prazo. Começam com a televisão, mas não vão querer ficar por aí. Deixem a história em paz e dediquem-se ao que é importante.
P.S. Na semana passada demos voz ao líder do PAN, hoje foi a vez dos defensores das corridas. É assim que se deve funcionar em democracia.