As praças de toiros em Portugal são obrigadas por lei a terem enfermarias mas a maioria não está em condições de proporcionar um bom socorro aos artistas da festa em caso de necessidade. E poucas estarão em condições de se adaptarem às exigências do regulamento taurino, cuja revisão foi aprovada em Agosto do ano passado. A opinião é de Luís Miguel Ramos, cirurgião do Hospital de Vila Franca de Xira que é também responsável pela enfermaria da praça de toiros Palha Blanco.
O médico tem sido um dos defensores da criação de uma associação nacional de cirurgiões taurinos. O seu papel na comunidade e na festa brava mereceu-lhe a distinção de cidadão de mérito da cidade (ver caixa). "Da esmagadora maioria das praças que visitei, nunca desempenharia lá a minha função porque não têm condições. Estou a falar de praças no Ribatejo, Norte e Sul do país mas também em algumas praças consideradas de primeira linha, que me deixaram desolado. Fiquei a pensar como era possível dar um espectáculo naquelas condições. Há praças que não têm desfibrilhadores para casos de paragem respiratória ou cardíaca. Só com uma compressa e Betadine não se resolve nada", lamenta a O MIRANTE.
Luís está há 16 anos na enfermaria da praça de toiros Palha Blanco e tem sido um dos rostos na luta pela modernização da sala, que é hoje das mais completas do país. Graças também, ressalva, ao investimento e apoio dado pela Misericórdia, empresários da praça, câmara, grupo de forcados e ao Hospital de Vila Franca de Xira, quer durante a gestão pública quer durante a gestão da José de Mello Saúde na parceria público-privada.
Fonte: O Mirante.PT